domingo, 20 de fevereiro de 2011

esterilização -


"E esses teus sapatos?

Sujos. Infectos, sem brilho. Desinfete-os e pula-os antes de entrar no meu lar .
E essa boca?
Cheia de calúnia, de promiscuidade, de desunião.
Lave-a, lave-a novamente e feche-a antes de entrar no meu lar.
O meu lar é repleto de pássaros voando na imensidão do céu, um horizonte estonteante e coisas inexplicáveis.
A sujeira humana não é bem-vinda.  E com ela impregnada em seu ser isso não terá sentido.
Portanto, purifique-se e livre-se desse lixo. Entre e cante a sua existência. Mergulhe nas águas gélidas do amor próprio, sem hora pra sair, sem lembranças, afinal, você acabou de nascer novamente. Resgatou aquela  alma com a qual você nasceu; límpida como um cristal, leve como o ar. 
Rasge as fotos, delete os números, esqueça as ganâncias, limpe-se. Desapegue-se. 
Não deixe o rancor te ferir, não permita a loucura te dominar. Não olhe apenas a íris dos olhos das pessoas, olhe a alma estampada no olhar. Observe além de posturas que passam, e sim veja a maneira como seus espirítos sobrevoam as ruas de turbulência. Espirítos esgotados, desagastados, desespiritualizados. Há tantas almas nobres infectas, de sapatos sujos por andar em caminhos lamacentos de ódio, tantas bocas contaminadas pela desarmonia. O que a falta de amor começa o excesso de ódio arremata perfeitamente.
Desperte-se agora e ouça a  alma pedindo socorro. Resgate-a e seja bem-vindo ao meu lar. Ou sinta esse câncer te vencer. "