domingo, 20 de fevereiro de 2011

esterilização -


"E esses teus sapatos?

Sujos. Infectos, sem brilho. Desinfete-os e pula-os antes de entrar no meu lar .
E essa boca?
Cheia de calúnia, de promiscuidade, de desunião.
Lave-a, lave-a novamente e feche-a antes de entrar no meu lar.
O meu lar é repleto de pássaros voando na imensidão do céu, um horizonte estonteante e coisas inexplicáveis.
A sujeira humana não é bem-vinda.  E com ela impregnada em seu ser isso não terá sentido.
Portanto, purifique-se e livre-se desse lixo. Entre e cante a sua existência. Mergulhe nas águas gélidas do amor próprio, sem hora pra sair, sem lembranças, afinal, você acabou de nascer novamente. Resgatou aquela  alma com a qual você nasceu; límpida como um cristal, leve como o ar. 
Rasge as fotos, delete os números, esqueça as ganâncias, limpe-se. Desapegue-se. 
Não deixe o rancor te ferir, não permita a loucura te dominar. Não olhe apenas a íris dos olhos das pessoas, olhe a alma estampada no olhar. Observe além de posturas que passam, e sim veja a maneira como seus espirítos sobrevoam as ruas de turbulência. Espirítos esgotados, desagastados, desespiritualizados. Há tantas almas nobres infectas, de sapatos sujos por andar em caminhos lamacentos de ódio, tantas bocas contaminadas pela desarmonia. O que a falta de amor começa o excesso de ódio arremata perfeitamente.
Desperte-se agora e ouça a  alma pedindo socorro. Resgate-a e seja bem-vindo ao meu lar. Ou sinta esse câncer te vencer. "





sábado, 15 de janeiro de 2011

por mim, por você, por ti -

& por mim crianças corriam livremente, usufruindo de suas alegrias angelicais, por campos e montanhas, apenas alimentadas pela felicidade ingênua. Suas mães jamais brigariam, pois a lei era ser criança e amar ser. 
Por mim as músicas não seriam inventadas para apenas ritmizar os músculos estriados esqueléticos ou animar/desanimar vidas, mas sim seriam excreções da alma, expelidas através do dom da composição e moldadas na melodia. Não seriam notas músicas mesclados com amontoado de frases vulgares, porém, mais que qualquer outra obra do ser humano, provas audíveis da imensa sensibilidade de um ser vivo.
Por mim as pessoas se amavam intensamente, com toda a força de seus corações, amavam até seus desprezíveis inimigos, pois esses só precisam de amor para desarmar o ódio. Todos se abraçavam na rua, todos seriam irmãos e paz era a política mais aceita. O amor o mais forte partido e a felicidade o mais próspero projeto.
Homens e mulheres eram mais alma e coração que carne e unha. Eram mais enamorados que parceiros. Havia mais proteção que ciúmes e corações jamais se partiriam pelo egoísmo e sentimentos falsos. Silêncio era beijo telepático, distância seria apenas simples momentos de privações e morte era o ápice do sentimento.

Utopias à parte, deixemos de lado sonhos. Todos jamais agirão assim... mas faça a sua vida dessa forma, afinal, o mundo escapa entre os dedos, mas a sua felicidade está em suas mãos.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

forças -







"Por dias e noites me deixei imergir nas profundezas da autopiedade, da incerteza, da incredulidade. Me vesti de preto e presenciei o velório dos meus sonhos, daquelas vontades que me faziam querer viver. E dessa forma fui me entregando a esse força oculta repleta de pessimismo, angústia e medo. Fui me rendendo, de modo que perdi a reflexão da minha felicidade. Numa sucessão de caos e turbulência, tudo foi apenas se agravando. Sem forças foram esvaecendo todas as esperanças... E é exatamente nesse momento que mostramos a verdadeira força interior que possuímos, fases pelo qual apenas a fé, a perseverança e o amor fazem com que se possa sair de tal depressão. 
Os dias passavam sem razão, e as horas do relógio avisavam o ciclo da rotina, nada fazia mais sentido, ceguei-me para o belo, pois tudo se desfez em cinza.


Em algum dia, algum momento daqueles dias incontáveis, vi um pássaro pela janela, que habitualmente pousava numa árvore qualquer. De modo instintivo, parei para observá-lo. Percebi que estava construindo seu ninho, pondo galho por galho, minuciosamente, postos ordenadamente. Comecei a admirar aquela arte de colocar aos poucos pequenos galhos, através de sucessivas viagens. Me vi frente a algo que estava me faltando, exatamente aquilo que aquele singelo pássaro tinha, ainda que instintivamente. 


Alforriada de minhas próprias fraquezas, estou reabilitada da enfermidade do desânimo.


Que não sejam apenas flores que preencham nossas vidas, mas que sejamos capazes de suportar os espinhos."

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

.

"Entre dias turbulentos e ventanias devastadoras, apenas os mais fortes permanecerão de pé, mesmo que faltando alguns pedaços do coração, da roupa, da própria alma. O fim se aproxima e as despedidas serão com lágrimas no olhos. Quanta vida ainda há, quanta saudade deixará...
Nossa juventude se encontrou e juntos fomos felizes enquanto nos preparávamos para mais um etapa. Mudamos, crescemos e outra fase se inicia. É mister dizer Adeus, mas mesmo assim direi apenas Até mais, pois nada que fica na memória acaba.


- Selamos então um pacto: de sermos felizes, já que mandar notícias será inviável.
Que alcemos voo então."



Texto dedicado a minha sala do terceiro ano.

domingo, 24 de outubro de 2010

raios -

O que as ondas vibrantes do sol da minha felicidade refletem?




Tanta falta do que falar, tanta intolerância, quanto ódio entre as pessoas. É isso que elas simplesmente chamam de vida. Não vejo motivo para tamanha ganância que só leva tudo ao precipício da solidão. É um mal altamente contagioso essa tal de ambição, que eu, particularmente, não vejo cura. As pessoas se deixam ser levadas pela  soberba, desfocando a alavanca do seu fulcro. Os olhares se cruzam de forma egoísta, secante e maldosa, preservam o seu ego exterior e não cultivam sua alma; mas, claro, ainda existem pessoas encantadoras, que possuem o brilho da lealdade no olhar, estas estão subdividas em exceção da regra geral e   dissimuladas (as mais abomináveis). E é neste caldo que estamos imersos, sem previsão do futuro caminhamos em meio a pedras, a tempestades, a armadilhas. 


E daí me questiono: em que modalidade de pessoa me encaixo? 
Acho que sou uma breve brisa que voa por entre esse meio, que assim como as reais massas de ar correm de dia para o mar, de acordo com a baixa pressão existente no continente. E a noite me desfaço para a terra, envolvida pelo resfriamento rápido da terra. É assim que me defino e de acordo com as circunstância psico-físicas me comporto. Com baixas pressões de afeto, de repente, desapareço. Portanto, sabendo disso, agora você sabe porque ora sumo, ora ressurjo.


E os raios da minha felicidade refletem o espectro do meu próprio eu, da minha essência, numa simetria e sincronia quase perfeita.







quinta-feira, 21 de outubro de 2010

emaranhado

É um emaranhado de ideias absurdas e abstratas que me invadem todas as horas fracionárias desse dilema.
Dessa imensa agonia, saio quase sempre bombardeada pelas frustrações e por todos esses murmúrios vazios; esses ferem meu espírito e fazem que a cada dia eu me sinta menos entusiasmada pelo comum. 
Nesses dias loucos e ardentes tenho procurado uma razão para permanecer intacta a tudo isso que me corrói, no entanto, sinto que se trata apenas de tempo... (Ah, tempo! Me ensina como me  controlar que eu te ensino andar rápido[...])

É mister calma, de modo que a precipitação pode trazer o cometimento de sérios erros.
E procuro em meio às páginas do meu dia parágrafos divertidos, discursos diretos, menos densos, afinal é um livro muito longo. Busco a luz que ilumine minhas mãos, já que meus pés já estão tão calejados que foram substituídos.
Não estou aqui parar gostar e aprovar essa balbúrdia, não pretendo me camuflar em meus gestos, cansei  de chegar com o corpo onde minha alma jamais esteve. 

Nesse ritmo frenético são olhos, alma e coração desmembrados do seu ponto comum. Estão vivendo isolados, pois um inibiria a função do outro.
Sem mais, encerro, porque aqui já não cabe mais o meu mundo de soletrações emocionais.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Aceitando-se.

Não vou mais lutar contra isso. 

Eu quis falar apenas que eu acharia bonito e agradável, eu quis apenas ouvir, eu repudiava a impulsividade, o barulho, o caos emocional. eu queria nada fazer, eu desejava possuir uma serenidade, uma transparência na alma. Mais que tudo: eu sempre quis ser sensível, nunca pude, pois eu não sou.

Acontece que minha natureza é a turbulência, a euforia, em nuances com digressões profundas, e silêncio intercalado com explosões faladas.


Eu tentei, me camuflei nas minhas próprias idealizações. Quando a máscara caiu e percebi que não adiantaria continuar me obrigando a ser assim. 
E agora vejo a grande bobagem que é não se ter orgulho da sua personalidade, e ainda tentar manipulá-la.
De hoje por diante serei eu, e serei mais feliz assim.
Quem sabe um dia posso me encontrar nessas idealizações, meio que por acaso?